A inauguração na China de um monumento em memória do assassino do primeiro-ministro japonês em 1909 deflagrou nesta segunda-feira um novo contencioso diplomático entre Pequim e Tóquio.
Recentemente, as relações bilaterais se viram afetadas por disputas territoriais e por questões históricas.
A reação do Japão não demorou.
"Consideramos Ahn Jung-Geun um terrorista que foi condenado à morte por ter matado o primeiro primeiro-ministro do nosso país", disse Yoshihide Suga, porta-voz do governo japonês.
O monumento de Harbin "não contribui para construir relações de paz e de cooperação nessa região", acrescentou.
Já o ministro das Relações Exteriores sul-coreano exaltou "um personagem respeitado ao mesmo tempo na Coreia do Sul e na China" por ter levado adiante um "ato corajoso".
A agência oficial de notícias chinesa Xinhua considerou, por sua vez, que "o memorial Ahn não estava destinado a ferir, mas a lançar luz sobre a história do nordeste asiático".
No domingo, o primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, havia declarado querer "organizar uma cúpula e manter conversas francas" com China e Coreia do Sul para solucionar seus contenciosos. Tóquio tem proposto com frequência a organização dessa cúpula, até agora sem resultado.
An Jung-geun
Nascido no dia 2 de Setembro de 1879 em Haeju, Haewang, An Jung-geun (ou Ahn Jung-geun) foi um nacionalista e ativista da independência da Coreia.
Em 1909, An foi em uma estação de trem para assassinar o então primeiro ministro do Japão, Ito Hirobumi. Ahn entrou armado na estação escondendo um revolver em sua lancheira. Ito Hirobumi tinha acabado de retornar de uma negociação dentro do trem com um representante russo, e foi alvejado três vezes. Ele também atirou também atirou em Kawagami Toshihiko, o cônsul japonês, Morita Jiro, um secretário da Casa Imperial , e Tanaka Seitaro, um executivo da companhia SMR (South Manchuria Railway), que ficaram gravemente feridos. Depois do tiroteio, Ahn gritou pela independência coreana em russo,brandando a bandeira coreana.
Depois, An foi preso por guardas russos que o mantiveram em sua custódia por dois dias antes de entregá-lo às autoridades coloniais japonesas. Quando ouviu a notícia de que Ito tinha morrido , ele fez o sinal da cruz em sinal de gratidão . Uma das frases mais conhecidas de An nesse período em que esteve preso é "Eu me aventurei a cometer um crime grave, oferecendo a minha vida pelo meu país. Este é o comportamento de um patriota nobre de espírito".
No tribunal , An insistiu que ser tratado como um prisioneiro de guerra, como um tenente-general de um exército de resistência coreana, em vez de um criminoso comum, e listou 15 crimes cometidos por Ito que o convenceu a matá-lo.
- 1. Assassinar a imperatriz coreana Myeongseong
- 2. Destronar o imperador Gojong
- 3. Forçar 14 tratados desiguais na Coréia
- 4. Massacrar inocentes coreanos
- 5. Usurpar a autoridade do governo coreano pela força
- 6. Roubar ferrovias, minas, florestas e rios coreanos
- 7. Forçar o uso de notas de de dinheiro japonesas
- 8. Dissolução das forças armadas coreanas
- 9. Obstruir a educação dos coreanos
- 10. Impedir que coreanos estudem no exterior
- 11.Confiscar e queimar livros coreanos
- 12. Espalhar um rumor ao redor do mundo que os coreanos queriam proteção dos japoneses
- 13. Enganar o imperador japonês, dizendo que a relação entre a Coréia e o Japão foi pacífica, quando na verdade ele estava cheio de hostilidade e conflitos
- 14. Quebrar a paz da Ásia
- 15. Assassinar o Imperador Komei
"Eu matei Ito Hirobumi porque ele perturbou a paz do Oriente e deturpou a relação entre Japão e Coréia. Se a Coréia e o Japão forem mais amigáveis e fossem governados de forma pacífica, eles seriam um modelo completo em todos os cinco continentes."
An foi executado no dia 26 de março de 1910. Seu pedido para ser tratado como um prisioneiro de guerra e fuzilado não foi acatado e An foi executado com um enforcamento, como um prisioneiro comum. Seu tumulo nunca foi encontrado.
Fontes: 1, 2, 3, 4
Nenhum comentário:
Postar um comentário